É engraçado como nos sentimos inúteis ao nos depararmos com sitcom´s. Existem situações que realmente parecem ter sido ensaiadas ou mesmo retiradas de algum filme do David Lynch.
Eu estava lendo uma matéria esses dias sobre como é chato esse papo ecológico, de como pessoas preocupadas com o efeito estufa, com a extinção de algumas espécies, com a exploração de tantas outras e tal, incomodam outras tantas que não estão nem aí para o andar da carroagem.
Bem, talvez eu esteja sendo injusta, elas estão, elas tem botons do Greenpeace, elas usam papel Reclicato da Suzano, usam detergente Ypê que planta uma árvore para você!
Sim, elas não estão nem aí, elas estão aqui do nosso lado incomodadas com o nosso papo...
...BIODESAGRADÁVEL!!!
Li esse termo e achei fantástico, uma porque, realmente é muito chato a gente conversar com pessoas que não estão afim de ouvir qualquer coisa sobre animais que sofrem, meio ambiente ou mesmo discutir sobre assuntos que são cruciais para o ecossistema.
É mais fácil divagar sobre temas corriqueiros, crises de casais, mortes súbitas, violência, tv, enfim é mais fácil falar de coisas que não nos comprometam, que não nos acusem de sermos ou termos partido, seja político ou mesmo filosófico.
Estar em cima do muro é admiravelmente mais cômodo, você fica lá em cima observando ambas as partes de lados opostos se consumindo em pensamentos e atos, enquanto você tem a comodidade de estar ali sem ser cobrado de nada, de nenhuma postura, de nenhum ato, somente ali, parado observando as coisas acontecerem.
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe", concordo com Oscar Wilde, existir é simples...Porque essa agora de se preocupar com o planeta?
- "Deixa quieto, a gente vai morrer mesmo"
Escutando coisas como essa eu paro tudo o que estou fazendo, ponho uma vírgula nos pensamentos e sou tomada de tamanha indignação. Sei que pessoas que completam frases como essa são as mesmas que consideram os preocupados com coisas substanciais, biodesagradáveis.
Quando li essa matéria na Folha, fiquei pensando se eu era uma biodesagradável, se eu era alguém que poderia ser evitada pelos demais por conter pensamentos inoportunos para ocasiões banais.
A gente pensa que ao entrar num ambiente acadêmico poderia conhecer pessoas dispostas a evoluir, mas é decepcionante que os centros acadêmicos contenham o maior número de pessoas estúpidas por metro quadrado. A maioria está lá por uma boa colocação no mercado, querem ter uma profissão, ser alguém, mas isso a instituição de ensino não forma.
A pessoa quer ser alguém na vida, todavia é um completo alienado, só sabe das coisas que lhe foram fornecidas pela TV, família e religião. Que espécie de verdade pode serencontrar nesses meios? Só a família forma pessoas de verdade e o conceito de família (que é a primeira sociedade que somos expostos) está a beira do colapso.
Sabe que ontem na aula, poucos sabiam quem era o Vladmir Herzog, isso me deixou mal pra caramba , porque por outro lado, todos sabiam quem era o último eliminado do BBB.
É, mais fácil existir, bem mais.
Ficaria feliz em ler Paulo Coelho e ver novela sem me sentir ridícula, ficaria mais feliz ainda de ver arte na publicidade e nos meios de comunicação e eu seria realmente muito feliz se quando eu comesse um pedaço de bife não lembrasse que isso é de outro animal e o pior que esse bife está ligado com o desaparecimento da Amazônia.
Existir acaba sendo insistir no erro de estar ausente, mesmo quando seu corpo e sua alma estão lá, queimando no mesmo inferno dos biodesagradáveis. Estamos todos no mesmo lugar!
Todos tem dó dos bichinhos, todos. Todos morrem de raiva do malvado que mata as foquinhas a paulada no Alasca, ninguém quer chutar seu cãozinho de estimação, todo mundo entra no site do Fantástico para denunciar o desmatamento da Amazônia, mas se alguém falar sobre vegetarianismo, veganismo e outras formas políticas de intervenção na sociedade de consumo, pronto, rótulo neles: BIODESAGRADÁVEIS!
É melhor que ser Biodescartável!
Existir é um erro. Viva!
..
Eu estava lendo uma matéria esses dias sobre como é chato esse papo ecológico, de como pessoas preocupadas com o efeito estufa, com a extinção de algumas espécies, com a exploração de tantas outras e tal, incomodam outras tantas que não estão nem aí para o andar da carroagem.
Bem, talvez eu esteja sendo injusta, elas estão, elas tem botons do Greenpeace, elas usam papel Reclicato da Suzano, usam detergente Ypê que planta uma árvore para você!
Sim, elas não estão nem aí, elas estão aqui do nosso lado incomodadas com o nosso papo...
...BIODESAGRADÁVEL!!!
Li esse termo e achei fantástico, uma porque, realmente é muito chato a gente conversar com pessoas que não estão afim de ouvir qualquer coisa sobre animais que sofrem, meio ambiente ou mesmo discutir sobre assuntos que são cruciais para o ecossistema.
É mais fácil divagar sobre temas corriqueiros, crises de casais, mortes súbitas, violência, tv, enfim é mais fácil falar de coisas que não nos comprometam, que não nos acusem de sermos ou termos partido, seja político ou mesmo filosófico.
Estar em cima do muro é admiravelmente mais cômodo, você fica lá em cima observando ambas as partes de lados opostos se consumindo em pensamentos e atos, enquanto você tem a comodidade de estar ali sem ser cobrado de nada, de nenhuma postura, de nenhum ato, somente ali, parado observando as coisas acontecerem.
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe", concordo com Oscar Wilde, existir é simples...Porque essa agora de se preocupar com o planeta?
- "Deixa quieto, a gente vai morrer mesmo"
Escutando coisas como essa eu paro tudo o que estou fazendo, ponho uma vírgula nos pensamentos e sou tomada de tamanha indignação. Sei que pessoas que completam frases como essa são as mesmas que consideram os preocupados com coisas substanciais, biodesagradáveis.
Quando li essa matéria na Folha, fiquei pensando se eu era uma biodesagradável, se eu era alguém que poderia ser evitada pelos demais por conter pensamentos inoportunos para ocasiões banais.
A gente pensa que ao entrar num ambiente acadêmico poderia conhecer pessoas dispostas a evoluir, mas é decepcionante que os centros acadêmicos contenham o maior número de pessoas estúpidas por metro quadrado. A maioria está lá por uma boa colocação no mercado, querem ter uma profissão, ser alguém, mas isso a instituição de ensino não forma.
A pessoa quer ser alguém na vida, todavia é um completo alienado, só sabe das coisas que lhe foram fornecidas pela TV, família e religião. Que espécie de verdade pode serencontrar nesses meios? Só a família forma pessoas de verdade e o conceito de família (que é a primeira sociedade que somos expostos) está a beira do colapso.
Sabe que ontem na aula, poucos sabiam quem era o Vladmir Herzog, isso me deixou mal pra caramba , porque por outro lado, todos sabiam quem era o último eliminado do BBB.
É, mais fácil existir, bem mais.
Ficaria feliz em ler Paulo Coelho e ver novela sem me sentir ridícula, ficaria mais feliz ainda de ver arte na publicidade e nos meios de comunicação e eu seria realmente muito feliz se quando eu comesse um pedaço de bife não lembrasse que isso é de outro animal e o pior que esse bife está ligado com o desaparecimento da Amazônia.
Existir acaba sendo insistir no erro de estar ausente, mesmo quando seu corpo e sua alma estão lá, queimando no mesmo inferno dos biodesagradáveis. Estamos todos no mesmo lugar!
Todos tem dó dos bichinhos, todos. Todos morrem de raiva do malvado que mata as foquinhas a paulada no Alasca, ninguém quer chutar seu cãozinho de estimação, todo mundo entra no site do Fantástico para denunciar o desmatamento da Amazônia, mas se alguém falar sobre vegetarianismo, veganismo e outras formas políticas de intervenção na sociedade de consumo, pronto, rótulo neles: BIODESAGRADÁVEIS!
É melhor que ser Biodescartável!
Existir é um erro. Viva!
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3 comentários:
Não tinha idéia que foi Oscar Wilde que fez essa comparação entre viver e existir, quem sou eu para contestar tal escritor, no entanto acho que uma ameba é um ser vivo, um elefante também, ou seja vivem... será que eles têm noção de suas existências, da de outros seres, será que têm noção da existência de um cosmos, de um universo imensurável e inexplicável?
Muito perigosa essa comparação assim como acreditar que se tem noção das coisas que acontecem ao nosso redor.
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.” (William Shakespeare)"
Ótimo texto.
Estou prestes a entrar na universidade. Uma pena ter a confirmação já antecipadamente que lá é onde encontrarei mais alienados. Ai ai, mais uma escolinha... Vou acabar saindo pouco após entrar.
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